Os desafios da alfabetização – Parte 2: Preditores para uma alfabetização estruturada 

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Os desafios da alfabetização – Parte 2: Preditores para uma alfabetização estruturada 

Durante a educação infantil, são desenvolvidas habilidades importantes à alfabetização, as chamadas habilidades preditoras. É nesse período que monitoramos os sinais de prontidão para a alfabetização. Na Educação infantil, portanto, são estimuladas habilidades metalinguísticas e metacognitivas para que a alfabetização aconteça de forma eficaz. Estas habilidades preditoras envolvem, por exemplo, a consciência fonológica, o princípio alfabético, a grafomotricidade e o vocabulário. Ao iniciar o processo de alfabetização, é importante que a criança tenha adquirido essas habilidades.

Para preparar os alunos nos primeiros dias de aula, visando especialmente a alfabetização, é importante que os professores criem um ambiente acolhedor e seguro para as crianças. Os alunos devem se sentir à vontade para fazer perguntas e compartilhar suas experiências, de forma que sejam estimulados a participar ativamente do processo de aprendizagem.

Deve ser criado um clima em sala de aula que considere os erros como algo comum ao processo de aprendizagem, de forma que as crianças sejam encorajadas a se envolverem nas atividades sem medo de julgamento.

Além disso, para que sejam evitados erros no processo de alfabetização, nas primeiras semanas é preciso que o professor faça uma sondagem de habilidades das crianças para direcionar o processo de alfabetização. É fundamental conhecer quais são as habilidades que as crianças já adquiriram, quais são suas potencialidades e suas dificuldades. Somente dessa maneira o professor conseguirá planejar intervenções adequadas a toda a turma.

Essas habilidades são o conhecimento da letra e som e consciência fonológica, que você pode trabalhar de 20 a 30 minutos por dia e gerar resultados importantes para o desenvolvimento na alfabetização das crianças.

Uma estratégia eficaz para estimular os alunos no início do processo de alfabetização é o uso de um plano de ensino estruturado e sistematizado para desenvolvimento das habilidades preditoras. Sugere-se a aplicação de atividades que abordem os dois pilares fundamentais, consciência fonológica e princípio alfabético (correspondência entre letra e som), diariamente, com duração de 20 a 30 minutos. Além do planejamento estruturado e sistematizado, a instrução explícita também é uma estratégia que tem sido apontada como importante para esse processo.

As habilidades preditoras que são essenciais para estimular durante a alfabetização dos seus alunos são:

  • Habilidades metafonológicas: mais conhecidas como habilidades de consciência fonológica, estão ligadas à nossa capacidade de pensar sobre os sons da nossa própria língua. É o que nos permite rimar, aliterar, segmentar as frases em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas. Nos torna capazes de manipular os sons da fala e perceber suas particularidades, suas proximidades sonoras e suas diferenças.

Nosso sistema de escrita tem como base o princípio alfabético, ou seja, nossas letras representam os sons da nossa fala. Quanto maior for o domínio dos sons da língua, maior será a facilidade com que essas relações entre fonemas e grafemas se estabelecerão e isso facilitará a decodificação e a compreensão da nossa ortografia.

  • Vocabulário: refere-se ao número de palavras que nós reconhecemos e compreendemos o significado e funcionalidade. Desde bebês, essa habilidade já está presente e podemos observá-la quando mesmo com meses, ainda sem saber falar, a criança é capaz de reconhecer e compreender tudo ao seu redor, podendo obedecer a comandos simples como “bater palmas”, “dar tchau”. Podemos dizer que é o nosso “banco de dados” para interpretação do mundo ao nosso redor.

Enquanto lemos estamos acessando esse “banco de dados” o tempo todo. Assim como formamos memórias dos objetos, das pessoas e de suas funções, formamos também memórias visuais das palavras com acesso direto ao significado. Quanto maior e melhor meu vocabulário, melhor será minha capacidade de compreensão textual e automaticamente de produção textual.

Este é o chamado princípio alfabético: O nosso sistema de escrita é baseado naquilo que falamos, ou seja, as letras são símbolos que representam fonemas (sons). Conhecer somente o nome das letras não é suficiente para que uma criança aprenda a ler e escrever. É preciso que ela aprenda os sons que as letras têm. Esse conhecimento também é conhecido como correspondência grafofonêmica.

  • Memória operacional fonológica: Você já deve ter ouvido falar na memória operacional, conhecida também como memória de trabalho, que é responsável por manipular as informações novas, correlacionando essas informações com nossas memórias de longo prazo, na execução de uma determinada tarefa. E através da repetição dos estímulos, ela pode armazenar as novas informações na memória de longo prazo.

A memória operacional fonológica, é a memória de trabalho específica para as informações fonológicas, ou seja, informações sonoras da nossa língua. Enquanto nosso cérebro relaciona os estímulos visuais (letras), com os sons da fala (fonemas), dando sonoridade às palavras enquanto lemos, quem manipula essas informações é a memória operacional fonológica.

  • Velocidade de acesso ao léxico mental: o léxico mental é o nosso vocabulário, nosso “banco de dados” de significados que acessamos o tempo todo durante a leitura e a escrita. A velocidade com que acessamos a informação no nosso cérebro determina a nossa capacidade de nomear rapidamente figuras, números, letras, cores, palavras, sem perder a fluência e qualidade de nomeação.

Quanto mais eficiente na nomeação o aluno for, mais fluente em leitura ele será e poderá acessar os significados com facilidade, garantindo uma maior compreensão de leitura.

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